Review The Legend Of Zelda: Breath Of The Wild

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Publicado em: 14 de junho de 2023

Com 37 jogos na conta, é fácil afirmar que The Legend of Zelda é a franquia mais longeva da Nintendo e, quiçá, do mundo dos vídeos games.

E tal façanha é alcançada – justamente – com uma mecânica que acaba assustando um pouco os gamers quando ouvem essa palavra: reboot.

Todo jogo de The Legend of Zelda é, em si, um reboot de si mesmo (mas acredite, existe uma base de fãs que tenta encontrar lógica e cronologia nela). Mas a grande sacada, o approach genial nesse sentido está no nome do jogo, e em como isso se tornou o ponto central desse sucesso de frequentes reinvenções.

A melhor explicação que achei foi que a LENDA DE ZELDA é um fato, um evento mitológico que – a depender de quem conta a história e em que momento essa história é contada – tem alguns detalhes alterados. Tipo uma fofoca? Que sempre quem repassa altera um ou outro detalhe para deixar a história mais agradável à sua visão?

Pois é. O que se tem de fato em todas essas versões são os 3 personagens (Zelda, Link e Ganon), a tri força (representada em cada um deles) e a luta da princesa protagonista e seu campeão para impedir os planos do vilão.

 

HISTÓRIA

Como (quase) toda versão de Zelda, a história se passa em Hyrule, onde Link, o campeão lendário, desperta de um sono de cem anos para enfrentar (novamente) a ameaça de Calamity Ganon.

Em tempos remotos, Ganon, o mal encarnado, fora selado pelos esforços dos antigos campeões e da princesa Zelda. Contudo, após muitos anos, Ganon ressurgiu como um monstro imenso, corrompendo o Castelo de Hyrule e forçando a princesa Zelda a usar seus poderes para manter Ganon aprisionado, enquanto Link – após ter sido derrotado – foi colocado em um sono de cem anos para se recuperar e despertar no momento certo para enfrentar a ameaça.

O jogo se inicia quando Link finalmente acorda, recebendo orientações de um viajante misterioso (que, mais tarde, revela-se o espírito do Rei Rhoam, pai da princesa que dá nome ao jogo) e parte em uma jornada para recuperar suas memórias perdidas e seu poder. Controlando o herói, devemos explorar o vasto mundo aberto de Hyrule, enfrentando inimigos perigosos e resolvendo enigmas em templos antigos para se fortalecer.

Link deve derrotar os quatro principais oponentes conhecidos como as Divindades da Calamidade, liberar os quatro espíritos dos campeões aprisionados e recuperar suas habilidades especiais, para finalmente ter sua revanche contra o próprio Calamity Ganon.

A história de “Breath of the Wild” também explora as memórias de Link e Zelda, revelando eventos do passado que levaram à queda de Hyrule e ao ressurgimento de Ganon. O jogo combina uma jogabilidade de mundo aberto com exploração livre, elementos de sobrevivência, quebra-cabeças desafiadores e batalhas emocionantes.

 

É PERIGOSO IR SOZINHO…MESMO

O jogo, apesar de ter um direcionamento para o público infantil, não pega ninguém pela mão em sua jornada.

Após um prólogo interessante sobre como funciona as mecânicas do jogo, onde você cumpre algumas missões para ter acesso a seu paraglider, a Nintendo te solta em um mundo amplo e cheio e perigos. Mas, diferentemente de alguns outros jogos do mesmo estilo (Assassin´s Creed Origins, para ficar em um exemplo) que te avisam quando você está entrando em uma área para a qual seu personagem ainda não tem nível de poder para tanto (seja um aviso na tela, seja o ícone de uma caveira vermelha sobre os inimigos), BotW te deixa descobrir isso da maneira mais icônica dos vídeos games: MORRENDO sucessiva e vergonhosamente no mesmo local.

Parte da diversão dos jogos de Zelda é justamente a sensação de realidade impressa na experiência de se aventurar em um mundo no qual, assim como nosso herói desmemoriado, não se tem informação nenhuma. Depois de enfrentar e vencer (ainda que com alguma dificuldade) um Moblin – que é um inimigo gigantesco – você olha para um Lynel e pensa: “Acho que dá”, apenas para descobrir que não, no nível que você encontra um deles pela primeira vez NÃO DÁ!

Pensando de certa forma, o mote nuclear dos jogos de Zelda é a exploração, é sair andando por um mundo tão vasto quanto belo, apreciando não terminar uma missão em sequência da outra de forma linear e conduzida pela estrutura do gameplay e sim, construir seu gameplay enquanto vaga pelo cenário e descobre, organicamente, novas missões e pontos de interesse.

Se você é fã de Death Stranding, deve agradecer a Legend of Zelda por criar e estabelecer tão fortemente o estilo “simulador de caminhada”.

 

GAMEPLAY

O foco do jogo, como sempre, é na exploração. E a mecânica da gameplay atende a isso. Com armas, arcos e escudos que se quebram, você é forçado a manter-se em movimento o tempo todo pelo mapa, procurando repor seu estoque de armas para conseguir avançar pelo vasto mundo de Hyrule.

Para ficar em UM exemplo, a primeira vez que tentei derrotar uma besta divina no jogo, ainda nas horas iniciais, eu descobri que precisava de ARCOS para a função, pois só conseguia causar dano nos prontos fracos da criatura e me defender de seus ataques com flechas. Só que os arcos que eu tinha apanhado até então eram de nível baixo, e suportavam apenas alguns disparos de flechas. Imaginem minha frustração ao ter que esperar a morte contra o Boss porque eu simplesmente não tinha mais arco algum para disparar minhas flechas.

Se em Ocarina of Time a mecânica era centrada na música, em Majora´s Mask nos recursos oferecidos pelas máscaras, é justo dizer que em Breath of the Wild a mecânica gira em torno de gerenciar seu inventário da melhor maneira a manter-se apto a continuar explorando.

Nesse sentido, é preciso entender que The Legend of Zelda: Breath of the Wild não é um jogo de aventura focado na ação. Ele é, antes de tudo, um jogo de aventura focado em resolução de puzzles. E existem os puzzles óbvios, como os pequenos detalhes dos Koroks escondidos pelo mapa e os templos, mas talvez o maior e mais intrincado puzzle nesse caso seja navegar pelo mapa, sem saber se os inimigos daquele acampamento são capazes de te matar num piscar de olhos ou não, atento para coletar recursos; como armas capazes de enfrentar inimigos poderosos (visto que elas tem um limite de uso) ou ingredientes para cozinhar alimentos que sejam capazes de recuperar sua vida, visto que até algumas quedas banais podem te arrancar alguns corações.

E quedas podem ocorrer. Principalmente no início do jogo, é necessário dominar bem a roda de Stamina de Link para correr, nadar, escalar ou planar por Hyrule.

Como já falamos, o jogo não tem paredes invisíveis ou avisos de “você ainda não tem level para estar nessa área”, então tudo é baseado em experimentação, tentativa e erro. Hm, acho que consigo escalar essa montanha com o tanto de stamina que tenho: MORTE. Hm, acho que consigo nadar até a outra margem: MORTE. Hm, acho que dá para enfrentar esse oponente: MORTE.

Em sua jornada, Link precisa maestrar suas habilidades e saber utilizá-las em conjunto. As runas adquiridas em seu tablet, ops, Sheikah Slate lhe permitem conjurar bombas, utilizar o poder do magnetismo, congelar um objeto momentaneamente no tempo, criar colunas de gelo onde haja um mínimo de água e, é claro, tirar fotos! (No melhor uso de photo mode que eu jamais pensei em utilizar: como parte da mecânica do jogo, já que as memórias de link podem ser destravadas visitando lugares onde existem fotos salvas em sua Sheyka Slate que ele e Zelda visitaram 100 anos no passado)

Em termos de combate, Link pode esquivar-se dos golpes dos oponentes em seu clássico mortal para trás, ou escolher aparar o golpe com um de seus vários escudos (mas lembrem-se, eles quebram). Ele pode atacar corpo a corpo com espadas, lanças, machados, clavas e bastões (que adivinhem? Quebram), ou a distância com variados tipos de arcos e flechas (que, impressionante e incoerentemente, também quebram).

Uma das inúmeras atividades que se tem a fazer pelo mundo, a parte de brincar de Master Chef misturando ingredientes tentando criar receitas mirabolantes, é futucar cada canto do mundo atrás dos Koroks escondidos para conseguir suas sementes (o que faz aumentar seu inventário em um slot, o que é bem útil) ou, ao melhor estilo velho oeste, sair domando cavalos selvagens para adicionar ao seu Haras particular (e, no melhor estilo Pokemon, você vai querer colecionar um cavalo de cada tipo)

Tudo isso enquanto corre (??) contra o tempo, pois lembre-se: a Princesa Zelda está lutando com Calamity Ganon a um século. Mas, hey, como vou saber se misturar chifre de Moblin, asa de Keese, geléia de Chuchu, Pimenta e Carne Crua vai dar uma boa receita?? Só testando…o que são mais 2 minutinhos para quem esperou 100 anos?

 

VEREDITO

The Legend of Zelda: Breath of the Wild é um jogo divertido na mesma proporção em que é instigante. Reza a lenda (trocadilho não intencional) que até hoje – 6 anos depois de seu lançamento – a comunidade ainda continua descobrindo easter eggs nesse jogo, o que não é difícil de se imaginar, dado a vastidão do mundo e a quantidade de pequenos detalhes que a Nintendo colocou nesta produção.

Fosse eu mais fã da saga como um todo (ao longo da vida, joguei apenas alguns poucos jogos aqui e acolá) talvez o jogo me impressionasse mais – e, consequentemente – melhoraria a nota final, mas um ou outro cenário deixa uma sensação de “poderia ser melhor”.

O jogo está LONGE de ser medíocre, e é uma OBRIGAÇÃO na prateleira de todo gamer de respeito, mas ainda não alcança o status de jogo impecável. Em matéria de diversão, garante suas boas (muitas) horas, mas mais pelo desafio de se tentar escalar aquela montanha ou chegar naquele vale do que propriamente por uma lore ou história rica e densa.

 


Ban é publicitário, escritor, desenhista, instrutor de Kung Fu, fã de mangás e Hq´s, e já teve um videogame de cada geração (sim, Ban é velho). Já fritou seu cérebro mais de uma vez tentando entender a cronologia (e a lógica) dos diversos jogos de Zelda, e desejaria gostar mais desse jogo do que realmente gosta.